Sexta-feira, 23 de Maio de 2008
O conceito de “síndrome de dependência do álcool” é usado na medicina para designar um agrupamento de sinais e sintomas que nem sempre estão todos presentes, mas devem apresentar uma regularidade para permitir o reconhecimento clínico da mesma. É uma doença caracterizada pelos seguintes elementos: - Compulsão: uma necessidade forte ou desejo incontrolável de beber;
- Perda de controle: a inabilidade frequente de parar de beber uma vez que a pessoa já começou;
- Dependência física: a ocorrência de sintomas de abstinência, como náusea, suor, tremores e ansiedade, quando se para de beber após um período continuado de grande ingestão. Tais sintomas são aliviados bebendo-se álcool ou tomando-se outra droga sedativa;
- Tolerância: necessidade de aumentar a quantidade de álcool para se sentir ébrio.
A OMS distingue três formas de consumo de álcool que podem induzir ou implicam consequências indesejadas:
- Consumo de risco - padrão de consumo que, caso seja mantido, pode ter implicações físicas ou mentais.
- Consumo nocivo - provoca danos na saúde do consumidor, a nível físico e mental.
- Dependência - resulta do consumo repetido de álcool e define-se como “um conjunto de aspectos clínicos e comportamentais que podem desenvolver-se após repetido uso de álcool: desejo intenso de consumir bebidas alcoólicas, descontrolo sobre o seu uso, continuação dos consumos apesar das consequências, grande importância dada aos consumos em desfavor de outras actividades e obrigações, aumento da tolerância ao álcool (necessidade de quantidades crescentes da substância para atingir o efeito desejado ou uma diminuição acentuada do efeito com a utilização da mesma quantidade) e sintomas de privação quando o consumo é descontinuado”.
Iniciação ao álcool
Geralmente, o primeiro contacto do jovem com o álcool sucede no agregado familiar, intrinsecamente relacionado com os hábitos de consumo dos progenitores.
O primeiro impacto com as bebidas alcoólicas pode surgir entre os 4 e 5 anos, associado à alegria das festividades ou, por outro lado, à alcoolização dos pais. A partir dos 10 anos a criança torna-se, por vezes, consumidora, frequentemente devido à conotação social positiva do acto. A sociedade associa ao álcool êxito, poder, glória, alienação e comunicação, tendo-se, portanto, revestido, no decorrer dos tempos, de mística e valor social.
O consumo tornado hábito
Outra das faixas etárias cruciais no período que se segue à iniciação, situa-se nos 14 anos. As bebidas alcoólicas associam-se a preconceitos enraizados na cultura nacional e que atribuem às bebidas alcoólicas capacidades como: aquecimento, divertimento e poder saciante.
Os amigos e companheiros substituem a influência dos pais, sendo que, nos novos grupos, álcool é sinónimo de maturidade e libertinagem.
Da festa à embriaguez
As bebidas alcoólicas constituem, actualmente, rituais que simbolizam, para os adolescentes a união, a celebração efusiva, acompanhada, por vezes, de cânticos e diálogos fervorosos.
Embriaguez – Partida e regresso
O álcool, além do carácter festivo, pode ainda ser a escapatória para problemas e vicissitudes do quotidiano.
Nesta etapa, a bebida alcoólica serve propósitos semelhantes aos psicotrópicos, propiciando a alienação ou fuga à realidade. Desta forma, o jovem ambiciona a atenuação dos problemas, uma falsa sensação de bem-estar.
No entanto, os efeitos que se seguem são claramente adversos, propiciando, muitas vezes, a procura de soluções rápidas como o suicídio, o regresso ao álcool ou, com menos frequência, a abstinência total.
Sexta-feira, 16 de Maio de 2008
A adolescência é, por excelência, um período da vida em que se verifica um acentuado crescimento, físico e intelectual, que antecede uma maior autonomia dos jovens, após a imaturidade, dependência e protecção verificadas na infância. Dá-se uma busca incessante de novos princípios e valores, frequentemente distintos dos anteriormente incutidos pelos progenitores, visando a consolidação da identidade. Neste contexto, as novas experiências assumem um papel fulcral, permitindo a descoberta individual do mundo, fontes de satisfação, assim como ideais e prazeres renovados. O adolescente procura novas afinidades, com as quais partilha interesses e opiniões, experimentando, igualmente, situações de risco.
O consumo de álcool, no domínio nacional, constitui, uma atitude algo banal, desculpabilizada, incitada socialmente. Assim, os jovens acedem facilmente a bebidas alcoólicas, infringindo-se a lei em idades precoces.
O meio social é, portanto, um interveniente de grande relevo, condicionando fortemente a primeira experiência com o álcool, visto que, sendo uma grande fasquia constituída por consumidores, pressiona o jovem a adoptar uma conduta semelhante, como forma de desinibição e integração.
O consumo de álcool na adolescência poderá estar ligado não só ao produto em si, mas também à história do indivíduo, com aquilo que ele espera e investe nessa experiência e na resposta do meio. A maioria dos adolescentes fica-se pela experimentação tendo como motivações principais a curiosidade, a moda, a importância de partilhar algo com os amigos. Do mesmo modo, os media e o marketing promovem comportamentos junto das camadas jovens, alvos frequentes destas indústrias, face ao seu crescente poder económico.
O fenómeno do alcoolismo na adolescência é, actualmente, um flagelo social, perspectivando-se um crescimento ainda mais acentuado, visto que é um comportamento pouco estigmatizado, podendo tornar-se um meio de integração do adolescente no grupo.
Apesar de, durante anos, o consumo de álcool ter sido mais frequente em adolescentes do sexo masculino, esse padrão tem-se vindo a dissipar, prevendo-se, no futuro, uma homogeneidade entre os dois sexos.
O primeiro contacto com bebidas alcoólicas ocorre, geralmente, aos 11 anos, predominando entre os 15 e 24 anos o consumo de cerveja e bebidas destiladas fora das refeições, 2 a 3 vezes por semana e em grande quantidade.
O consumo de álcool é uma temática controversa entre autores, sendo considerado por muitos como uma fase efémera. No entanto, estudos recentes afirmam que o consumo problemático não é resolúvel com a idade. Assim, os jovens cujo primeiro consumo se situa entre os 11 e 14 anos, constituem um grupo de maior risco de dependência futura. Os jovens que ingerem com frequência bebidas alcoólicas manifestam tendência para o afastamento da família, da escola e do convívio com os colegas em meio escolar, envolvendo-se em rixas e confrontos.
Por vezes, paralelamente ao consumo de álcool, iniciam-se, igualmente, no consumo de tabaco e psicotrópicos.
Como é do conhecimento geral, o conjunto de bebidas alcoólicas disponíveis ao público é cada vez maior e mais diversificado. No entanto, as bebidas alcoólicas distinguem-se em dois grandes grupos: as fermentadas e as destiladas, de acordo com o seu processo de produção (fermentação alcoólica e destilação, respectivamente).
A fermentação alcoólica é, então, o processo químico de sacarificação dos amidos, contidos em qualquer líquido, em álcool etílico ou etanol. Esta transformação é desencadeada pela acção de enzimas segregadas por microrganismos, bactérias ou leveduras, que convertem os açúcares em álcool etílico. Outro dos seus produtos é o gás carbónico, o qual é, normalmente, utilizado na gaseificação da própria bebida, como no champagne e na cerveja. Deste processo de formação, obtêm-se, então, as bebidas fermentadas.
Deste modo, por exemplo: o sumo de uva, contendo açúcares e não contendo nenhum álcool, ao sofrer a fermentação alcoólica, perde quase todo o açúcar, o qual se transforma em várias substâncias, entre as quais álcool etílico, dando origem ao vinho.
Vinho O vinho é uma bebida obtida pela fermentação alcoólica do sumo de uvas, sendo os seus ingredientes básicos a água, fermento e uvas. De acordo com a sua cor, pode ser classificado como tinto ou branco. A sua graduação vai, em geral, desde 6o a 15o, podendo alguns ser mais graduados, como é o caso dos vinhos do Porto e Madeira.
Cerveja A cerveja é uma bebida produzida a partir da fermentação alcoólica de cevada maltada com outros cereais, sendo os seus ingredientes básicos a água, malte, lúpulo, fermentos e adjuntos (matérias ricas em carbohidratos). A sua graduação varia entre 3o e 8o.
Cidra A cidra é igualmente uma bebida fermentada, que resulta da fermentação alcoólica do mosto da maçã e da pêra. É das bebidas com menor graduação, sendo esta entre 2o e 3o.
A destilação consiste, genericamente, na transformação de líquidos de fraco teor alcoólico em líquidos de graduação alcoólica mais elevada em alambiques. Este processo é possível graças à diferença de volatilidade existente entre as substâncias constituintes do mosto fermentado. Assim, provoca-se o aquecimento da massa líquida até se atingir o ponto de ebulição, condensando-se seguidamente o vapor obtido. Como as substâncias têm diferentes pontos de ebulição, os primeiros vapores são sempre produzidos pelos elementos mais voláteis (como é o caso do álcool), que se desprendem da massa líquida original. Produz-se, então um líquido composto na sua maior parte por etanol, apresentando, por isso, um teor alcoólico maior do que o do mosto que lhe deu origem.
Deste modo, recorrendo-se a destilações sucessivas, obtém-se um líquido cada vez mais rico em álcool e, por conseguinte, uma bebida alcoólica de maior graduação do que a que lhe deu origem.
Gin O gin é uma bebida destilada à base de cereais e zimbro, que apresenta uma graduação entre os 43o e 47o. Esta bebida sai do alambique com um teor alcoólico muito elevado, inapto para consumo, pelo que lhe é adicionada água destilada de modo a reduzir esse mesmo teor. A aromatização do líquido é feita com as bagas de zimbro, cujo óleo transmite à bebida o sabor que a caracteriza.
Vodka
A vodka é uma popular bebida destilada, incolor, obtida a partir de cevada, milho, trigo, centeio, ervas, figos e batatas, fermentados. Cada uma destas matérias-primas confere à bebida sabor e qualidade diferentes, variando a fórmula de acordo com a região onde é produzida. Esta bebida quase sem sabor, devido a filtragens químicas utilizadas para neutralizar os aromas dos cereais, apresenta um teor alcoólico entre 30% e 60%.
Conhaque
O conhaque é uma aguardente que resulta da destilação do vinho, posteriormente envelhecida.
Rum
O rum é uma bebida de aroma suave obtida da destilação de melaços fermentados da cana do açúcar. Este tipo de bebida alcoólica pode ser feito de duas formas distintas: a agrícola e a industrial, no entanto o resultado é sempre uma bebida cristalina.
Whisky
O whisky é uma bebida obtida por destilação do líquido proveniente da fermentação de cereais, que é posteriormente envelhecida. Existem diversos tipos de whisky de acordo com o seu processo de destilação e tempo de envelhecimento. Deste modo, é possível distinguir quatro tipos: puro malte, vatted, grain whisky e blended.
Licores
Os licores são bebidas alcoólicas doces constituídas por água, álcool, açúcar e aromas variados, por exemplo de baunilha, de laranja e de noz-moscada. Estes aromas são obtidos pela mistura do líquido com frutas, ervas, temperos, flores, sementes, raízes, cascas de árvores ou ainda cremes, o que dá o sabor característico a cada bebida. Contrariamente ao que acontece com o whisky, os licores não costumam ser envelhecidos por muito tempo.
Segunda-feira, 21 de Abril de 2008
Através da Revolução iniciada no período Neolítico verificou-se um avanço nas técnicas de fermentação, o que contribuiu para um aumento da produção de matérias-primas, como a cevada e a fruta, fomentando, deste modo, a origem e fabrico da cerveja. O povo egípcio, tal como o grego e romano desenvolveram a arte de produção de bebidas alcoólicas. Os egípcios possuíam destilarias onde praticavam o culto a Osíris como forma de agradecimento pela dádiva da cevada. Os gregos viravam este culto para Dionísio e ofereciam bebidas alcoólicas aos soldados e aos deuses, com o objectivo de facilitar as relações interpessoais. Os romanos agradeciam a Baco a criação do “vinho divino” e contribuíram para a sua divulgação e distribuição por toda a Europa. Com a ampliação do conhecimento, os árabes iniciaram a produção de bebidas alcoólicas por destilação o que, em termos práticos, se traduz na origem de bebidas com maior teor alcoólico.
Durante a Idade Média, o álcool, intrinsecamente associado à saúde e bem-estar, foi classificado como aqua vitae, sendo utilizado para fins terapêuticos.
No século XIX, com a Revolução Industrial, as bebidas obtidas por destilação adquirem uma maior popularidade e expansão e, consequentemente, verifica-se um aumento do seu consumo e problemas adjacentes. É neste contexto que surgem as primeiras leis e as primeiras campanhas de prevenção relativas ao consumo de álcool.
Embora os efeitos do álcool sejam conhecidos desde a Antiguidade, os fenómenos de alcoolismo eram praticamente ignorados. O conceito de alcoolismo interpretado como doença, e não apenas como vício, começa a ser desenvolvido na segunda metade do século XIX. A França foi o país pioneiro a encarar o consumo excessivo de álcool como uma preocupação perante a qual era urgente a adopção de medidas. Precedeu-se então a uma análise mais científica dos problemas associados ao consumo excessivo de álcool, tendo por base o progresso no conhecimento da fisiologia e das células nervosas, os efeitos do álcool sobre o sistema nervoso, bem como o perigo que o álcool representa para a saúde. O início da abordagem médica à doença alcoólica e patologias associadas foi da autoria de Thomas Sutton, que valorizou pela primeira vez os hábitos alcoólicos excessivos e continuados. Na segunda metade do séc. XIX, a concepção de alcoolismo foi ganhando outro significado, passando a ser entendida como alcoolismo crónico. Este novo conceito de alcoolismo crónico foi utilizado pela primeira vez em 1849 por Magnus Huss, médico sueco, que utilizou este termo para classificar um conjunto de manifestações patológicas do sistema nervoso, tanto psíquicas como motoro-sensoriais.
Etimologicamente, o vocábulo álcool resulta da junção da palavra árabe al-kuhul (líquido) com a palavra grega alkuhl (essência). Desde os mais remotos tempos que o tema álcool é do conhecimento da Humanidade, constatando-se pela existência de referências que remetem para o ano 30 000 a.C. Admite-se que o Homem, acidentalmente, tomou conhecimento dos seus efeitos aquando da ingestão do mel fermentado.
A partir de então, várias definições têm surgido, vários autores têm tentado definir Alcoolismo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) apresenta uma definição completa e exaustiva para esta temática. Assim, um alcoólico é um bebedor excessivo que cria uma dependência física e psíquica ao álcool, e que lhe provoca problemas em diversos níveis (social, familiar, ocupacional, etc.). Segundo a OMS um “(...) alcoólico é um bebedor excessivo, cuja dependência em relação ao álcool, é acompanhado de perturbações mentais, da saúde física, da relação com os outros e do seu comportamento social e económico (...)”. Na sequência desta definição, o alcoolismo, e de acordo com a OMS “(…) não constitui uma entidade nosológica definida, mas a totalidade dos problemas motivados pelo álcool no indivíduo, estendendo-se a vários planos, causando perturbações orgânicas e psíquicas, perturbações da vida familiar, profissional e social, com as suas repercussões económicas, legais e morais”.
Também segundo a OMS, o consumo moderado diário de bebidas alcoólicas é para “(...) um homem adulto normal [...] ¼ de litro de vinho, ou 3 copos de vinho ou 3 copos médios de cerveja [...] repartidos pelas 2 principais refeições. A mulher adulta não deve consumir mais de [...] 2 copos de vinho, ou 2 “imperiais” (...)” Contudo, convém definir e distinguir dois conceitos (alcoolismo agudo e alcoolismo crónico), visto que estes são muitas vezes confundidos. No primeiro caso, existe uma ingestão única de uma grande quantidade de álcool, num dia ou num espaço curto de tempo, podendo este estado ir desde a excitação psíquica até ao coma alcoólico. O alcoolismo crónico pressupõe uma ingestão excessiva habitual de bebidas alcoólicas, repartidas ao longo do dia em várias doses, que vão mantendo um nível a álcool permanente do organismo.
Sábado, 22 de Março de 2008
Como parte integrante do nosso projecto, organizámos as I Jornadas "Alcoolismo na Adolescência", a realizar no Instituto Português da Juventude (IPJ) de Leiria na manhã de 8 de Maio. Nestas jornadas, irão estar presentes diversas entidades ligadas à temática do trabalho, que irão abordar as diversas vertentes do tema e esclarecer dúvidas durante o tempo dedicado a debate.
O seu programa pode ser consultado clicando na imagem de baixo:
Na expectativa de que as jornadas constituam um espaço de informação e troca activa de ideias, contamos com a vossa participação, que poderão validar através do preenchimento e envio para o mail bebesalcoolrecusa@sapo.pt ou número de fax 302 005 591 do seguinte documento:
Sinto-me: Organizado
Quarta-feira, 19 de Março de 2008
Somos alunos do 12º ano do agrupamento de Ciências e Tecnologias da Escola Secundária de Domingos Sequeira, em Leiria.
No âmbito da disciplina de Área de Projecto, propusemo-nos a desenvolver um trabalho subordinado ao tema "Alcoolismo na Adolescência". A escolha prendeu-se, essencialmente, com a actualidade e controvérsia da temática, considerada aliciante para o grupo, enquanto jovens.
A execução do blog foi uma das formas seleccionadas para a divulgação do projecto à comunidade.
Contamos com a participação activa de todos os leitores.
O grupo,
Ana Rita Sales
Diogo Almeida
Mariana Lopes
Raquel Fonseca
Sinto-me: Motivado