A adolescência é, por excelência, um período da vida em que se verifica um acentuado crescimento, físico e intelectual, que antecede uma maior autonomia dos jovens, após a imaturidade, dependência e protecção verificadas na infância. Dá-se uma busca incessante de novos princípios e valores, frequentemente distintos dos anteriormente incutidos pelos progenitores, visando a consolidação da identidade. Neste contexto, as novas experiências assumem um papel fulcral, permitindo a descoberta individual do mundo, fontes de satisfação, assim como ideais e prazeres renovados. O adolescente procura novas afinidades, com as quais partilha interesses e opiniões, experimentando, igualmente, situações de risco.
O consumo de álcool, no domínio nacional, constitui, uma atitude algo banal, desculpabilizada, incitada socialmente. Assim, os jovens acedem facilmente a bebidas alcoólicas, infringindo-se a lei em idades precoces.
O meio social é, portanto, um interveniente de grande relevo, condicionando fortemente a primeira experiência com o álcool, visto que, sendo uma grande fasquia constituída por consumidores, pressiona o jovem a adoptar uma conduta semelhante, como forma de desinibição e integração.
O consumo de álcool na adolescência poderá estar ligado não só ao produto em si, mas também à história do indivíduo, com aquilo que ele espera e investe nessa experiência e na resposta do meio. A maioria dos adolescentes fica-se pela experimentação tendo como motivações principais a curiosidade, a moda, a importância de partilhar algo com os amigos. Do mesmo modo, os media e o marketing promovem comportamentos junto das camadas jovens, alvos frequentes destas indústrias, face ao seu crescente poder económico.
O fenómeno do alcoolismo na adolescência é, actualmente, um flagelo social, perspectivando-se um crescimento ainda mais acentuado, visto que é um comportamento pouco estigmatizado, podendo tornar-se um meio de integração do adolescente no grupo.
Apesar de, durante anos, o consumo de álcool ter sido mais frequente em adolescentes do sexo masculino, esse padrão tem-se vindo a dissipar, prevendo-se, no futuro, uma homogeneidade entre os dois sexos.
O primeiro contacto com bebidas alcoólicas ocorre, geralmente, aos 11 anos, predominando entre os 15 e 24 anos o consumo de cerveja e bebidas destiladas fora das refeições, 2 a 3 vezes por semana e em grande quantidade.
O consumo de álcool é uma temática controversa entre autores, sendo considerado por muitos como uma fase efémera. No entanto, estudos recentes afirmam que o consumo problemático não é resolúvel com a idade. Assim, os jovens cujo primeiro consumo se situa entre os 11 e 14 anos, constituem um grupo de maior risco de dependência futura. Os jovens que ingerem com frequência bebidas alcoólicas manifestam tendência para o afastamento da família, da escola e do convívio com os colegas em meio escolar, envolvendo-se em rixas e confrontos.
Por vezes, paralelamente ao consumo de álcool, iniciam-se, igualmente, no consumo de tabaco e psicotrópicos.